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Série “Cuiabá 20 Anos” – O bicampeonato da Copa Verde

publicado em 20 de novembro de 2021

Neste quinto capítulo da série “Cuiabá 20 Anos”, vamos relembrar o segundo título do Cuiabá na Copa Verde, quando despachou o Goiás, então na primeira divisão do Brasileiro, e a vitória épica na final diante do Paysandu, no Mangueirão. Justamente hoje, dia 20 de novembro, se comemora dois anos deste feito!

Bicampeão da Copa Verde em noite épica no Mangueirão

Em meio à disputa da sua primeira Série B do Brasileiro, o Cuiabá iniciou a caminhada na Copa Verde de 2019 em busca do segundo título da competição. O primeiro adversário foi o Iporá, de Goiás. Primeiro jogo foi no interior goiano. O Cuiabá levou para lá um time alternativo. Inclusive o técnico Itamar Schulle, do time principal, não viajou, pois o Dourado enfrentaria o São Bento-SP, na Arena Pantanal, pela Série B, três dias depois.

A estreia do Cuiabá foi em Iporá-GO; Vitória por 2 a 1

– A Copa Verde de 2019 está marcada na história de cada um do elenco daquele ano, pois todos tiveram oportunidades, até alguns jogadores da base, pois começamos com um time alternativo já que a prioridade era a Série B – relembra o goleiro Victor Souza.

O técnico em Iporá-GO foi Lucas Isotton, auxiliar-técnico de Schulle. No acanhado estádio da cidade goiana, numa quarta à tarde, o Auriverde venceu por 2 a 1. Caio Dantas abriu o marcador para o Cuiabá e Bosco, que passou pelo Dourado, empatou ainda no primeiro tempo. Hugo Cabral, de pênalti, na etapa final, deu a vitória ao Cuiabá.

O jogo da volta aconteceu uma semana depois, na Arena Pantanal. Mais uma vez o Dourado usou time misto e controlava a partida. Porém, aos 37 do segundo tempo, o Iporá-GO abriu o marcador com Neverton e mandou a decisão para as penalidades máximas.

Paulo Henrique fez seu pênalti e defendeu uma cobrança

O herói auriverde na noite foi o goleiro Paulo Henrique. Nas cobranças iniciais, ele defendeu os pênaltis de Wellington e de Samuel, que daria a vitória ao Iporá-GO. Nas batidas alternadas, Raul errou para o Cuiabá, mas Everton chutou no travessão. Na oitava cobrança, o goleiro Paulo Henrique se encarregou da batida e fez para o Cuiabá. Na sequência, Ronaldo bateu para fora, garantindo a classificação do Dourado.

Duelo com o Costa Rica-MS pelas quartas

Pelas quartas de final, o Cuiabá enfrentou o Costa Rica-MS, com a primeira partida sendo disputada no interior do sul-mato-grossense, no dia 9 de setembro. Novamente poupando alguns titulares, o Cuiabá saiu na frente com Caio Dantas, aos 28 do segundo tempo. Porém, quando a partida se encaminhava para o final, o árbitro assinalou um pênalti, pra lá de duvidoso, para o Costa Rica-MS. Kanu converteu: 1 a 1.

Jogadores do Cuiabá comemoram gol de Caio Dantas em Costa Rica-MS

A partida de volta aconteceu no dia 11 de setembro, na Arena Pantanal. Sem muita dificuldade, o Dourado venceu por 2 a 1, garantindo vaga na semifinal. Marino, aos 5 do primeiro tempo, e o argentino Escudero, aos 4 do segundo, fizeram para o Dourado, enquanto que Kanu marcou para os visitantes, aos 29 da etapa final.

Escudero fez o segundo gol na vitória por 2 a 1 sobre o Costa Rica na Arena Pantanal

Semifinal contra time da Série A

Na semifinal o Cuiabá enfrentou o Goiás, que naquele ano estava na Série A do Brasileirão. Depois de um início ruim, o Esmeraldino, do técnico Ney Franco, estava reagindo no Brasileirão. A primeira partida aconteceu na Serrinha, em Goiânia, no dia 18 de setembro. Apesar do bom jogo do Cuiabá, o Goiás venceu por 1 a 0, gol de Leandro Barcia, aos 14 do segundo tempo. O goleiro Marcelo Rangel, do time goiano, foi o destaque do jogo, realizando, pelo menos, três grandes defesas em ataques do auriverde.

Cuiabá perdeu a ida para o Goiás na Serrinha

O jogo da volta aconteceu mais de um mês depois da primeira partida. No dia 23 de outubro, já comandado por Marcelo Chamusca, contratado para substituir Itamar Schulle, demitido no início de outubro, o Cuiabá fez um grande jogo, venceu no tempo normal e contou com o goleiro Matheus Nogueira nas cobranças de pênaltis.

Precisando vencer, e jogando contra os titulares do Goiás, que não poupou ninguém, as coisas pioraram para o Cuiabá quando, aos 8 do primeiro tempo, Rafael Moura recebeu na área, dominou com o braço e tocou na saída de Matheus Nogueira, fazendo 1 a 0. Só restava ao Dourado virar o marcador. O time partiu para cima e, aos 15 minutos, Jean Patrick em belo chute da entrada da área empatou.

Cuiabá venceu o Goiás por 2 a 1 no tempo normal

O Cuiabá voltou disposto a virar na segunda etapa. Apertou, dominou as ações e chegou ao segundo gol com Jefinho, aos 21 minutos. Superior na partida, o Cuiabá até marcou o terceiro gol com Jean Patrick, erradamente anulado por impedimento, já que o volante do Dourado estava visivelmente em condições e o VAR neste torneio estava disponível apenas nas duas decisões. Final de jogo, vitória do Cuiabá por 2 a 1 que mandou a decisão da vaga para as penalidades.

Matheus Nogueira era o goleiro do Cuiabá, já que Victor Souza se recuperava de uma lesão na mão. Pelo Goiás o bom Tadeu estava no gol. Nas seis primeiras cobranças, todos converteram: Jean Patrick, Paulinho e Ednei marcaram para o Cuiabá.

Na quarta batida do time goiano, Alan Ruschel acertou a trave e deixou o Dourado próximo da vaga. Alex Ruan fez o quarto do Cuiabá, colocando ainda mais pressão sobre os goianos. Michael, hoje no Flamengo, foi para a batida. Matheus Nogueira voou para o canto direito e fez grande defesa, saindo para comemorar. O Doradão estava na final.

Matheus Nogueira defendeu a cobrança de Michael e colocou o Dourado na final

– Lembro que o Michel (Luz, analista de desempenho) tinha me passado uma colinha de como batia alguns jogadores do Goiás, mas apenas dois iriam cobrar pênaltis e não tinha nada do Michael, tinha do He-Man (Rafael Moura) e outros. Mas eu estava preparado e confiante. Na cobrança do Alan Ruschel eu lembrei que tinha falado com o Pantaneiro (preparador de goleiros) e ele falou para eu ir na cobrança chapada. Fui no canto certo, não toquei na bola, mas bateu na trave. Na cobrança do Michael, o Panta falou para eu ir na batida cruzada. Eu esperei até o último minuto e fui com tudo no cruzado e peguei. Graças a Deus deu tudo certo e fomos para a final – explica o goleiro Matheus Nogueira.

Os primeiros 90 minutos da decisão foram jogados na Arena Pantanal, no dia 14 de novembro, diante de quase 12 mil torcedores. O Cuiabá iniciou o jogo e procurou o ataque deste o primeiro minuto, tentando vencer e ter vantagem na volta. O tempo foi passando e nada de gol. O Paysandu se defendia bem e um empate já seria muito comemorado. Final de primeiro tempo e 0 a 0.

Cuiabá jogou melhor, mas foi o Papão que venceu por 1 a 0

O ritmo não mudou no segundo tempo. Cuiabá com a posse de bola, mas pecando nas jogadas finais. Aos 23 minutos, o Paysandu abriu o marcador, em bola parada. Falta na intermediária, próximo ao banco de reservas. Leandro Lima cobrou fechado na pequena área, muitos jogadores na frente do goleiro Victor Souza, e Nicolas se aproveitou para de cabeça fazer 1 a 0 Papão. O Cuiabá se mandou ao ataque, mas em noite pouco inspirada não conseguiu chegar ao empate. Paysandu comemorou muito a vantagem conquistada para tentar ratificar o título uma semana depois, na panela de pressão que se tornaria o Mangueirão.

– Por estar jogando em casa, a gente tinha que ter ganho e saímos decepcionados pois a vitória não veio. Mas a final estava aberta, pelo que fizemos dentro de campo neste primeiro jogo – relembra o lateral-esquerdo e então capitão Paulinho, que seria um dos maiores protagonistas no segundo jogo.

No final de semana antes da decisão, o Cuiabá enfrentou o Figueirense, em Florianópolis, pela Série B, e usou um time alternativo, já que tinha situação confortável no Brasileiro. Empatou em 0 a 0 com o Figueira no domingo e na segunda partiu para Belém.

O clima na capital do Pará era de confiança para a torcida do Papão, que já davam o título como certo. Um dia antes, o Auriverde fez um treino no Mangueirão e, nas entrevistas, o técnico Marcelo Chamusca e o meia Alê mostraram confiança em reverter o placar, mesmo com as adversidades que o Doradão enfrentaria no dia seguinte.

Cuiabá cala o Mangueirão lotado

O dia 20 de novembro está marcado na história do Cuiabá. Foi nesta data, em 2019, que o Douradão calou o Mangueirão, com mais de 40 mil torcedores, e levantou o seu segundo troféu da Copa Verde, garantindo também vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil de 2020.

Cuiabá pronto para a decisão; Mangueirão pulsava em apoio ao Paysandu

Já na chegada ao Mangueirão se notava o clima de festa e confiança do Paysandu. Mas o jogo teria que ser jogado. Mais 90 minutos. E o Cuiabá com um time superior tecnicamente teria todas as condições de reverter a derrota sofrida em casa.

A decisão foi repleta de emoções. O Paysandu, empurrado por sua fanática torcida, jogou melhor do que na primeira final e complicou ainda mais as coisas.

– A adrenalina transbordava já no aquecimento, com a casa cheia e por ser uma final. A alegria de estar em mais uma decisão com a camisa do Dourado, e gratos a Deus por mais uma grande oportunidade. O professor Chamusca nos deu muita confiança, mesmo tendo que reverter um placar adverso, nossa equipe era muito forte e consistente, pude ajudar fazendo um jogo muito bom, com segurança e motivando o tempo todo meus companheiros para que acreditássemos até a última bola. Tenho muita Fé e vi que tudo estava conspirando a nosso favor, pois foram duas bolas do Paysandu na nossa trave – relembra Victor Souza.

O primeiro tempo foi igual, com poucas oportunidades de gol. Na segunda etapa, o Cuiabá precisou se abrir e o Paysandu puxava contra-ataques com muito perigo, tanto que esteve muito próximo de abrir o placar, se não fosse a trave a salvar o Cuiabá em duas finalizações.

O Dourado não desistiu em nenhum momento e foi abençoado, praticamente, no último lance do jogo. O cronometro marcava 49 minutos. Falta na intermediária. Todos na área, incluindo o goleiro Victor Souza. O argentino Escudero, o EscuMITO, levantou na área. O lateral Paulinho, com uma cabeçada salvadora, encobriu o goleiro Giovanni do Papão. A comissão técnica e reservas do Paysandu, que já pediam o final do jogo, não acreditavam. O silêncio tomou conta do Mangueirão. Comemoração e agradecimento dos jogadores do Cuiabá.

Paulinho e Gutierrez comemoram o gol do Cuiabá já aos 49 do segundo tempo

– Quando saiu a falta, o Chamusca falou para todo mundo ir para a Arena e o Victor também foi. No primeiro momento, eu falei: Victor, não, não! Eu estava cansado, mas fui também. Veio no meu pensamento de não entrar na área, eu vou retardar que a bola pois se a bola vier fraca, vai vir na minha cabeça. E foi o que aconteceu, um milagre de Deus – conta Paulinho.

– Lembro que na hora da falta, o Escudero foi bater. Cheio de grandalhões na área, como Anderson Conceição, Ednei, Jefinhon e Jonas, eu fui pro final da linha, na segunda trave, mais pra puxar alguém da marcação. A bola vai justamente na primeira trave. E um gol que muitos não acreditavam mais, aconteceu. Paulinho foi escolhido por Deus pra fazer o gol de cabeça da linha da grande área e no último segundo de jogo – conta o goleiro Victor.

Mas a decisão não tinha acabado. Iríamos aos pênaltis. Logo na primeira cobrança, Ednei perdeu. O Paysandu converteu as quatro primeiras batidas. Na quinta e última, era fazer e sair para o abraço. Mas o destino era auriverde. O atacante Caíque Oliveira tomou distância e foi andando para a bola. Chutou de pé direito, deslocou Victor Souza, mas a bola foi para fora: 4 a 4 e fomos para as cobranças alternadas.

O Cuiabá converteu com Felipe Marques. Era a vez do Papão. Nicolas, o melhor jogador do time de Belém, que havia feito o gol na Arena Pantanal, foi para a cobrança. Tomou distância e partiu: bateu de pé direito e a bola, caprichosamente para o Dourado, explodiu no travessão: festa no gramado e em toda Cuiabá. Era o bicampeonato!

Cuiabá comemora o título. Desolado, Nicolas parece não acreditar no feito do Dourado

– Vencemos essa disputa com um pênalti pra fora de um atleta que nunca tinha perdido na vida e outro do artilheiro da competição que chutou no travessão, além de nossos jogadores terem sido super competentes fazendo os gols. Assim, o Cuiabá sagrou-se bicampeão em pleno Mangueirão lotado. Fizemos história nesse dia. Uma linda festa no gramado, no hotel e na volta, pois o grupo era uma família muito unida, merecedores de todo sucesso e mais uma vez predestinados pra esse grande momento – relata Victor Souza.

– Após o jogo olhei para o lado, me ajoelhei e agradeci demais a Deus pelo que fez e tem feito na minha vida. Aquele grupo merecia, pois é um grupo de homens honestos, trabalhadores e guerreiros – conta Paulinho.

Muita festa na comemoração do bicampeonato da Copa Verde, com o Mangueirão já quase vazio

FICHA TÉCNICA DA FINAL
PAYSANDU 0 (4) X (5) 1 CUIABÁ
Local: Mangueirão, em Belém (PA)
Data: 20 de novembro de 2019 – Horário: 21h (de Brasília)
Árbitro: Sávio Pereira Sampaio (DF)
Assistentes: Daniel Henrique da Silva Andrade (DF) e José Reinaldo Nascimento Junior (DF)
VAR: Wilton Pereira Sampaio (FIFA-GO)
Cartões amarelos: Giovanni, Caíque e Tomas Bastos (Paysandu); Jonas, Anderson Conceição, Paulinho, Tsunami e Djavan (Cuiabá)
Gol: Paulinho, aos 49 do 2ºT

PAYSANDU: Giovanni; Tony, Micael, Perema e Bruno Collaço; Wellington Reis (Thiago Primão), Caíque e Tomas Bastos (Leandro Lima); Nicolas, Vinícius Leite e Eliélton (Hygor). Técnico: Hélio dos Anjos

CUIABÁ: Victor Souza; Jonas, Ednei, Anderson Conceição e Paulinho; Moisés (Alex Ruan), Djavan, Alê (Escudero) e Toty (Gutierrez); Felipe Marques e Jefinho. Técnico: Marcelo Chamusca

JOGOS DO CUIABÁ NA COPA VERDE
8ª DE FINAL
Iporá-GO 1×2 Cuiabá
Cuiabá 0x1 Iporá-GO – 6 a 5 Cuiabá nos pênaltis

4ª DE FINAL
Costa Rica-MS 1×1 Cuiabá
Cuiabá 2×1 Costa Rica-MS

SEMIFINAL
Goiás 1×0 Cuiabá
Cuiabá 2×1 Goiás – 4 a 3 Cuiabá nos pênaltis

FINAL
Cuiabá 0x1 Paysandu
Paysandu 0x1 Cuiabá – 5 a 4 Cuiabá nos pênaltis

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