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Série “Cuiabá 20 Anos” – O primeiro título da Era Drebor

publicado em 1 de dezembro de 2021

Em mais um capítulo da série “Cuiabá 20 Anos”, vamos apresentar a história do primeiro título conquistado pelo Dourado já sob o comando da família Dresch, a Copa Governador de 2010, garantindo vaga na Copa do Brasil de 2011.

O primeiro título da Era Drebor

Cuiabá na final da Copa Governador de 2010 (CLIQUE NAS FOTOS PARA AMPLIAR)

O ano de 2010 marcou a grande virada na história do Cuiabá. Foi nele que o clube conquistou o primeiro título desde a reativação um ano antes. E você vai entender a importância dele neste episódio fundamental para compreender como o Cuiabá chegou aonde está hoje, na Série A do Brasileiro.

Em 2009, o Dourado voltou às atividades sob o comando da família Dresch e chegou nas duas finais que disputou: Série B do Mato-grossense e Copa Governador. Apesar da derrota e frustração, a diretoria sabia que o ano seguinte era promissor.

O começo de 2010, porém, não foi de acordo com as expectativas, mesmo com a melhoria na estrutura do clube e montagem de um elenco com mais investimento.

O então treinador Valter Ferreira foi desligado em meio às finais da Copa Governador de 2009. No início de 2010, o Dourado buscou Ary Marques, ex-lateral-direito do Paraná e que comandava um time amador na capital paranaense. Foi com ele que o clube buscou uma nova reconstrução e voltou ao caminho dos títulos, como sempre foi na história do Dourado.

Zagueiro Reinaldo recebe o troféu da Copa Governador

– Foi um convite do Cristiano (Dresch), alguém de Curitiba me indicou, pois a família Dresch já morou na cidade. Eu tive ótimas campanhas no Paraná sub-20, ganhando títulos, mas naquele momento estava parado, treinando um time amador. Em Curitiba tem um torneio muito forte. O Cristiano viajou para me encontrar, ele e o Neto Neponucemo. Foi quando o convite para eu treinar o Cuiabá foi oficializado – disse Ary Marques.

– Quando ele fez a proposta eu fui pesquisar sobre o clube e vi que era um time que ainda estava recomeçando e em Mato Grosso tinham times mais fortes naquele momento. Mas o Cristiano me convenceu a aceitar o projeto e fui para Cuiabá. Me lembro que fui na Drebor para conversar com o Manoel Dresch (pai de Cristiano e um dos donos da Drebor), a proposta foi até melhorada e resolvi aceitar o desafio – completou Marques.

Veio o Campeonato Mato-grossense e o Dourado fez uma campanha irregular. Mesmo assim chegou na última rodada com chances de classificação à próxima fase. O duelo foi contra o Operário, no Dutrinha e que contou com um detalhe curioso

– O jogo começou em uma quarta-feira à tarde, mas só terminou na quinta-feira por conta das chuvas e o estado do gramado do Dutrinha. No fim, perdemos por 2 a 1 e deixamos a vaga escapar – relembrou Ary.

Com 21 pontos, o Dourado viu o adversário chegar aos 22 e garantir a classificação. Sem calendário no segundo semestre, já que havia uma indefinição sobre a disputa da Copa Governador, o Dourado passou por momentos complicados naquele período.

– Não fomos bem no Estadual e veio a dúvida sobre o futuro do Cuiabá. Eram dois vice-campeonatos no ano anterior e a decepção no Mato-grossense. Meu pai (Manoel) acabou desanimando e essa dúvida passou a ser constante se era viável continuar com o clube. Para piorar, a Copa Governador não tinha sido oficializada se iria mesmo acontecer. Então ficaríamos quase um ano parado – disse Cristiano.

Elenco comemora o título no Dutrinha

– Sempre pensa né (em fechar o clube), quando perdeu vem aquela dúvida se devíamos continuar. Os meus filhos (Alessandro e Cristiano) sempre ajudaram muito e foram mantendo, principalmente o Cristiano que abraçou a ideia desde o início – relembrou Manoel Dresch.

Sem uma definição e no aguardo da FMF (Federação Matogrossense de Futebol), o Cuiabá resolveu apostar na manutenção do projeto com o apoio e confiança de uma pessoa muito especial na família.

– Nesse período quando meu pai desanimou, minha tia Neri me deu suporte e apoio, falando que confiava no nosso trabalho. Nessa época eu já estava totalmente envolvido com o Cuiabá, não trabalhava mais na Drebor. E ela estava bem animada e sabia que iríamos precisar de dinheiro. Eu conversava muito com minha tia e ela começou a acreditar. Falou que iria ajudar e manter o projeto em pé. Ela foi muito importante nessa fase – disse Cristiano.

Infelizmente, Maria Neri faleceu em um acidente pouco antes do acesso do Cuiabá para a Série C, mas esse fato trágico falaremos em outro momento da série “Cuiabá 20 anos”.

 

Troca do escudo
Entre o fim do Campeonato Mato-grossense e o início da Copa Governador 2010, a diretoria do Cuiabá decidiu trocar o escudo que vinha sendo usado desde a fundação, em 2001.

A ideia foi dar uma nova roupagem e identidade ao clube, que um ano antes havia sido adquirido pela família Drebor.

Escudo foi modernizado em 2010

O primeiro escudo do Cuiabá foi pensado com duas características: ter o Centro Geodésico da América do Sul e as cores da bandeira de Cuiabá. No novo, eles foram levados em conta como conta o vice-presidente Cristiano Dresch.

– Jogamos o estadual de 2010 com o escudo antigo, aí eu dei a ideia e mudamos, para marcar a nova fase do clube. Optamos por manter o Marco Geodésico, uma característica importante, mas o principal era ter o nome Cuiabá aparecendo bem grande e sem tantas cores. Antes, ele era escrito em vermelho – disse.

Outro ponto importante na elaboração foi colocar o ano de fundação do clube.

– Contratamos uma empresa e eles fizeram um modelo que foi logo aprovado. O Cuiabá vinha sendo chamado de CEC (Cuiabá Esporte Clube) e queríamos marcar o nome Cuiabá somente. Foi daí que o nome aparece de forma marcante no novo escudo.

 

Da indefinição ao título
Passada a eliminação no Mato-grossense e a indefinição sobre o futuro do clube, o Dourado precisou aguardar um posicionamento da FMF, mas confiante que o torneio seria disputado.

O time foi praticamente desfeito, o treinador Ary Marques voltou para Curitiba enquanto esperava um posicionamento oficial. Somente seis jogadores foram mantidos da campanha do estadual.

– Cheguei a ter propostas de outros clubes naquele período, mas queria terminar meu trabalho no Cuiabá e tinha que fazer alguma coisa. Fiquei uns dois a três meses em casa, mas sempre em contato com a diretoria. Quando veio a definição, ali por agosto, eu voltei para Cuiabá e montamos o time que viria a ser campeão. E de forma invicta – analisou Ary.

Comemoração no campo do Dutrinha

Já como vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch também relembrou sobre como foram aqueles meses de quase inatividade do Dourado.

– Ficamos treinando com somente seis jogadores por três meses e quando confirmou o campeonato, nós reforçamos o time. Me lembro que tínhamos o volante Jean e mais cinco jogadores. Quando confirmou a Copinha, aí o Ary voltou e treinamos por dois meses ainda. Aí eu já estava totalmente envolvido com o clube e começamos a trazer jogadores como o Bogé, do Luverdense, o Paulinho Marília, o Ferraz, entre outros. Montamos um time forte e bem nessa época também, passamos a treinar no campo do Sesc Balneário, onde ficamos por uns dois anos. Fizemos alguns amistosos nesse período e chegamos muito preparados para a competição – relatou Cristiano.

A Copa Governador começou em outubro de 2010, e o Dourado era disparado o time melhor preparado fisicamente. A qualidade técnica também sobressaiu.

– Era um grupo jovem, mesclado com experiência. O elenco se dava muito bem, o professor Ary Marques conduziu nosso elenco perfeitamente. Ele sabia como nunca mexer com o brio dos jogadores. Era um grupo muito unido e forte. A gente ia para os jogos confiantes na vitória, tanto que já combinávamos o que fazer após os jogos. Atuávamos leves e tranquilos, tanto que o Ary nem brigava conosco no intervalo – recordou o volante Bogé.

O treinador Ary Marques falou sobre como buscava motivar os atletas durante os treinamentos e, principalmente, unir ainda mais o grupo em busca do objetivo.

– Levávamos eles no shopping, pagava pizza, levava eles para jantar. Nos treinos, a gente fazia mini torneios com sete a oito jogadores e eu montava as equipes. E tinha uma panela né. E quem ganhava eu levava para jantar e com isso fui ganhando o grupo. Foi uma tacada importante. Começamos a fazer um grupo. Os cuiabanos eram indecisos não tinham muita confiança no futebol deles, mas depois pegaram esse espírito – lembrou Ary.

Galeria com fotos da final entre Cuiabá e Operário Ltda. Fotos: Globoesporte

Conquistar o título da Copa Governador era o grande objetivo da diretoria, quase que uma obrigação para que um novo desânimo não abatesse o projeto.

– Quando ganhamos a Copinha, motivou a todos para entrar no Estadual diferente. Então a Copinha foi fundamental para a história do Cuiabá. Se perde aquele torneio, até meu ciclo teria terminado no clube. Mas deu tudo certo e ganhamos de forma invicta contra o Operário – completou Ary.

Técnico Ary Marques ergue o troféu da Copa Governador

A campanha foi irretocável e premiou o time que melhor se preparou antes da competição. Foram quatro vitórias e quatro empates, ou seja, de forma invicta.

– Depois do Estadual, o elenco foi bem reforçado, era um time forte, com jogadores fortes em todas as posições. Eu marquei gols importantes e fico muito honrado de ter ajudado o clube naquele período. Com aquele título, tivemos a certeza que o Cuiabá iria chegar longe mesmo – relembrou o atacante Moreno.

Na semifinal, o Dourado eliminou o Luverdense nos pênaltis e na grande final venceu as duas partidas contra o Operário (Ltda, pois o Operário Várzea-grandense estava inativo). A primeira por 3 a 1. Na decisão, novo triunfo, agora por 2 a 1, com gol de Alex Mineiro e um contra marcado pelo adversário.

– Não tínhamos muita experiência no Mato-grossense de 2010 e fomos nos preparando dia a dia para melhorar. O título da Copa Governador foi a grande virada do clube. Se não ganhássemos essa taça, as coisas poderiam desandar e até fechar o projeto. Mas quando ganhamos, e ainda mais de forma invicta, foi o propulsor que precisávamos para seguir em frente e com ainda mais gás – disse Cristiano.

Dali em diante, o clube iniciou a trajetória de títulos, conquistas e glórias que o levou à Série A 2021.

– A escolha do mascote pelo Dourado foi uma felicidade grande do Gaúcho. O Dourado é brigador, não desiste, tem muita fé. Por isso acho que o Cuiabá está onde está. Muita luta, muito trabalho – finalizou Manoel Dresch.

Ficha técnica da final:
Operário Ltda 1×2 Cuiabá
Copa Governador de Mato Grosso
28/11/2010 – Estádio Presidente Dutra – Cuiabá-MT
Árbitro: Wagner Reway
Gols: Alex Mineiro 12’/1T e Euclides (contra) 38’/2T (Cuiabá); Odil 30’/2T (Operário-Ltda)
Operário Ltda: Heverton Perereca; Eder Belém (Bento), Diego, Kal e Natanael (Paulinho); Jamba, Lê, Euclides, Tito, Odil e Jeanzinho (Celinho). Técnico: Eder Taques.
Cuiabá: Veloso; Marquinhos, Reinaldo, Alex Mineiro e Natan; Bruno Marques, Mauro (João Cleber), Bogé e Paulinho Marília (João Lennon); Ferraz e Paulo Sérgio (Moreno). Técnico: Ary Marques.

Jogos do Cuiabá na competição:
Primeira fase

Data: 27/10/2010 – Vila Aurora 0x3 Cuiabá
Data: 30/10/2020 – Cuiabá 1×1 Rondonópolis EC
Data: 04/11/2021 – EC Rondonópolis 1×4 Cuiabá
Data: 07/11/2010 – Cuiabá 2×2 Vila Aurora

Semifinais
Data: 14/11/2010 – Cuiabá 1×1 Luverdense
Data: 18/11/2010 – Luverdense 0x0 Cuiabá (5×3 nos pênaltis)

Finais
Data: 21/11/2010 – Cuiabá 3×1 Operário Ltda
Data: 28/11/2010 – Operário Ltda 1×2 Cuiabá

 

Abaixo, os gols da vitória por 2 a 1 na grande final:

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